[ENTREVISTA] Mestre Felipe Thomas

Existem muitos mestres da vida. Muitos deles são nossos amigos. Pessoas normais, como eu e você, mas que tem muito à ensinar. Na verdade, somos todos mestres uns dos outros e se estamos aqui para compartilhar nossas experiências e lições em uma grande escola que chamamos de mundo, que façamos isso ao som de uma boa música. Senhoras e senhores, fiéis leitores, aqui começa uma nova edição do blog, chamada Entrevista com o Mestre. Periodicamente será publicada uma entrevista no formato de uma conversa descontraída com algum mestre que além de experiências próprias com a música, também falará sobre tudo o que cair na mesa do bar. Na primeira edição tenho a honra de trazer a participação de Felipe Thomas.


Thomas é multi-instrumentista, radialista, designer, empreendedor e presidente da REBRAM - Rede Brasileira de Músicos. Além disso, o cara é um dos maiores viajantes da boa música e hoje vai nos oferecer um pouco de suas histórias e influências.



Dê o play e comece a viagem:



Andarilho: E ai Mestre Thomas, tudo bem com você?

Thomas: Opa, tudo bem Andarilho? É uma honra participar desse blog com conteúdo tão bem escrito. Sempre acompanho, e até me sinto inseguro em aparecer aqui. A parte da "Andança" aborda sentimentos e significados abstratos em cada pequeno trecho e eu não sei se consigo fazer essas ebservações com tanta competência, mas vamos que vamos!

Hahahaha, eu que me sinto inseguro em falar com um dos mestres da música e da vida. Mas vamos lá! Cara, para começar a conversa, me conta um pouco sobre a REBRAM.

A REBRAM é uma ideia que eu trago comigo desde os tempos de Headbanger, só que na época se chamava Heavy Metal Association. Na época não deu certo por vários motivos, mas acredito que agora vai dar certo. A ideia-força é simples: reparei que todas as bandas, mas todas mesmo, sempre tem pelo menos 1 membro que tem pelo menos 1 trunfo. Ou o cara conhece um lugar bacana pra tocar, ou tem um amigo que tem estúdio, ou alguém conhece alguém importante... Então pensei que, se unissemos todo mundo, então logicamente todos teriam acesso a tudo isso. A primeira coisa a se pensar é em ter o maior número de bandas associadas possível, pois é isso que dá força à ideia. Por exemplo, um barzinho de Porto Alegre procura a REBRAM para tocar lá no evento dele, então a REBRAM indica alguma banda associada de Porto Alegre para esse trabalho. Nisso, conseguimos chegar em todo o território nacional

A ideia parece ser muito boa. Assim as bandas se ajudam e ajudam o proprio cenario musical também...

Exatamente, além de ter outras vantagens. Por exemplo: estamos fechando parceria com diversas lojas de música, estúdios e outros comércios. Esses parceiros vão garantir preço de compras coletivas para o associado REBRAM

Sensacional! Vai ser mesmo uma comunidade para todos envolvidos de alguma forma com música, sejam músicos ou comerciantes

Exatamente! Também teremos uma revista digital, com matérias bem interessantes. A próxima edição vai ter umas dicas de manutenção de instrumentos com o luthier Diego Freixedelo, além de uma matéria sobre vocal gutural por Daniel Pacheco, membro fundador da banda Cursed Slaughter, desmistificando vários pontos sobre esse estilo. Há ainda muito mais conteúdo que tenho certeza que vai ser muito útil para todos.

Já está no ar?

Ainda não. Está em fase de produção, mas assim que sair, você e seus leitores serão os primeiros a saber!

Muito bacana! Agora pensando não como empresario, mas como músico me conta um pouco sobre a sua trajetória. Você está em alguma banda atualmente?

Atualmente estou montando a Royal Street Flash, uma banda de blues. Não chegamos a ter o primeiro ensaio ainda, mas logo logo teremos. Aliás, é uma banda de rock-blues. Sobre minha trajetória, eu toco violão desde bem pequeno. Devia ter uns 8 anos, eu acho, quando comecei. Eu tocava num grupo de violões da Igreja Católica. Em seguida mudei pra Igreja Presbiteriana e avancei pra guitarra. Depois eu rompi geral com Igrejas, e montei várias bandas de Heavy, Thrash, e várias linhas de rock. Também participei de duas companhias de teatro como músico, foi quando ampliei minha concepção musical para a visão que tenho hoje em dia. Com o tempo, ampliei também o número de instrumentos - aprendi teclado, baixo e viola caipira. Hoje em dia estou focado na Royal Street Flash e na REBRAM.

Algo interessante sobre seu lado músico é que você, apesar de ter uma forte influência do Heavy e Trash Metal também aprecia uma moda de viola. Como que você explica essa mistura de culturas tão diferentes e tão ricas?

Tião Carreiro é o Jimmi Hendrix da viola, e o Almir Sater o Stevie Ray Vaughan! Hahahahahaha... Do mesmo jeito que o rock é tradicional - a voz de uma cultura - a música caipira também é. Mas lembrando que estou falando de música caipira, daquelas do mato mesmo. Se bem que Almir não é caipira né? Me parece que é guarânia...

Você pode dizer que a musica caipira influencia seu rock ou seu rock influencia a moda de viola?

Influenciam amboas as coisas. A música caipira influencia o que eu toco em rock, e o rock influencia quando eu toco viola. Precisa ver a versão de Mama I´m Coming Home (Ozzy Osbourne) com viola que eu preparei, hehe...

E sobre blues. Você me disse uma vez que seu disco favorito de blues é "Damm right I've Got The Blues" do Buddy Guy. Essa informação ainda procede?

"Damn Right I've Got The Blues" é um disco e tanto, já ouvi uma centenas de vezes e foi meu disco do momento por muito tempo, mas não sei mais se eu posso dizer que é meu disco preferido. São vários!

Quais sao os favoritos do momento?

Todos do Stevie Ray Vaughan, que está sendo a maior influência na minha banda Royal Street Flash.



E dos discos de rock? Alias qual é a banda de rock mais importante pra vc?

De rock o meu disco do momento é o "Sabbath Bloody Sabbath" do Black Sabbath. Já a banda de rock mais importante, sem dúvida nenhuma é Beatles!

Hahaha... Isso nunca muda! Você nunca enjoa de beatles?

Não, nunca.

Beatle preferido?

Creio que seja o Lennon. Mas pensando bem, acho que George... Não não, Paul! Isso. Hummmmm... Não! Acho que é o Ringo. Não não não, Lennon mesmo.

Hahahahahahaha... Muito boa! E pra encerrar nosso papo: qual a música que vc ouve pra dar aquela viajada boa? Aquela musica q você sempre ouve pra pegar uma estrada, ou pra acompanhar uma boa cerveja?

Pra pegar uma estrada, tomar uma boa cerveja ou para qualquer outra coisa: Led Zeppelin.

Alguma musica especifica?

Good Times Bad Times, por razões que acho que você sabe bem, hehehe...

Que saudade do Beatcast! (A música citada era abertura do podcast). Ah, esqueci de perguntar: o show mais marcante da sua vida.

Ultimamente ando decepcionado com shows grandes. Além de ser uma fortuna, você acaba tendo que acompanhar pelo telão.

Saudades de quando um festival com 5 bandas custava 50 reais?

Exato! Nessa época a pista era mais legítima. Você pagava 50 contos num show caro e existia a possibilidade de pegar a grade. Agora sem chance, no máximo se pegar a pista VIP que é ainda mais cara do que o normal.

Quem sabe a REBRAM nao vai ajudar a trazer o bom show de rock de volta...?

Vamos ver, é um trabalho duro porque quando os grandes dinossauros do Rock morrerem ou terminarem as atividades, shows assim vão acabar. Não teremos mais shows em estádios e nem em lugares grandes. E pode dizer adeus pra sempre para eventos como o Monsters ou o Lollapalooza. A coisa toda vai ficar restrita em bares, SESCs, sedes de motoclubes e afins. Será então a hora do recomeço. Nós da REBRAM já estamos nos movimentando, vamos ver o que agente consegue fazer.

Pode ser o começo de uma nova era de shows e eventos, Thomas. Gostaria de agradecer imensamente sua participação no MÚSICAS DE ANDARILHO e desejo o máximo de sucesso pra suas empreitadas musicais e empreasarias. Saiba que sempre poderá contar com nosso espaco para o que precisar. Um abração e nos vemos na próxima cerveja.

Muito obrigado meu amigo Andarilho! Te parabenizo pelo trabalho com o blog e agradeço a oportunidade de participar! Tudo de Rock!

Comentários

Rafael Santos disse…
Ótima entrevista. O que se passa com os shows atualmente é a mais pura verdade..... Espero que um dia vamos poder aproveitar novamente shows menores e mais baratos