O Pirata

Viagem andarilha por um mundo antigo e novo

Ano passado quando estava se aproximando o dia 11/11/11 muitas pessoas começaram a falar do poder místico por trás da data. Esse ano, a polêmica ficou agendada para 21/12/12, mais precisamente, ante-ontem. Diferente do ano anterior, agora o fatídico dia poderia ser o "fim do mundo". Algumas pessoas, entretanto, acreditam que o tal "fim do mundo" de 2012 seria, na verdade, uma transformação energética do nosso planeta. Caso seja verdade, não custa então começar esse novo ciclo com o pé direito, ouvindo uma das melhores bandas da história. Essa faz parte do sexto disco do Led Zeppelin, o ótimo "Physical Graffiti", de 1975. Segue a letra:




The Rover
(Page/Plant)

I've been to London, seen seven wonders
I know to trip is just to fall
I used to rock it, sometimes I'd roll it
I always knew what it was for

There can be no denying
That the wind'll shake 'em down
And the flag we're flying is the new flag of the land
Just join hands if we could just join hands
If we could just join

With fields aplenty when Heaven sent me
I saw the kings who ruled them all
Still by the firelight and purple moonlight
I hear the rustic river's call

And the wind is crying
From a love that won't grow cold
My lover, she is lying
On the dark side of the globe

Could just join hands
If we could just join hands
If we could just join hands
Yeah-yeah, yeah-yeah, yeah-yeah

Do it now, you got me rocking when I oughta be rolling
Darling, tell me, darling, which way to go
Keep me rocking baby, can you keep me strolling
Won'tcha tell me, darling, which way to go, that's right

Oh how I wonder, oh how I worry
And I would dearly like to know
How all this squander of earthly plunder
Will leave us anything to show

And our time is flying
See the candle burning low
Is the new world rising
From the shambles of the old

If we could just join hands
If we could just join hands
If we could just, if we could just
If we could just, if we could just
If we could just join hands
If we could just join hands

That's all it takes, that's all it takes
That's all it takes, that's all it takes

Yeah-yeah, yeah-yeah, yeah-yeah
Yeah-yeah, yeah-yeah
Yeah-yeah, yeah-yeah, yeah-yeah
Yeah-yeah, yeah-yeah
Yeah-yeah, yeah-yeah, yeah-yeah
Oh yeah, oh yeah

That's right, that's right
That's right, that's right

Vamos à andança...

Falei brevemente uma vez aqui de The Rover no Especial à Todos os Andarilhos, afinal a canção traz como personagem principal justamente um representante dessa classe: um viajante, pirata ou vagabundo que já viu muitas coisas nesse mundo em suas buscas. A canção começa com um rápido aquecimento de John Bonham que chama Jimmy Page pra aquecer junto. Os dois parecem estar se preparando pra uma corrida, dando partida num carro movido à peso e emoção capaz de atingir 400 km/h. Mas para acompanhar o Andarilho do título, eles não vão de carro nessa viagem. Seu meio de transporte aqui é um navio, igualmente imponente e poderoso. Daqueles de lendas antigas que cruzavam os mares buscando tesouros escondidos e enfrentando monstros horríveis. À bordo dessa enigmática embarcação e do riff impressionante e pesado de Page, o Andarilho nos conta um pouco de suas viagens: "Estive em Londres, vi as sete maravilhas. Eu sei que uma viagem é feita pra cair. Eu costumava balançar, às vezes cair, mas sempre soube pra que era". Detalhe aqui pra presença do nosso Rock N'Roll na letra, num trocadilho interessante: "I used to rock it, sometimes I'd roll it". Depois dessa estrofe, agora também banhado pelo baixo de John Paul Jones, o navio entra um mar convidativo e perigoso. A guitarra de Page ganha uma distorção mais aguda, destilando suas notas como uma onda suave enquanto Plant diz, na voz do viajante: "Ninguém pode negar que o vento vai soprar. E a bandeira que tremula é a nova bandeira da terra. Dar as mãos... Se pudéssemos ao menos dar as mãos". Robert canta esse último verso em sua voz aguda, levemente rouca, com uma dor emocionante na voz. Remete à impotência e resignação. De alguém que já fez tudo que era possível, mas não há lugar pra ressentimentos. Mais a frente ele declama: "Com seus campos em abundância, o Paraíso me enviou. Eu vi os reis que governaram a todos. Seja pela luz do fogo ou pelo luar avermelhado, eu ouço o chamado dos rios". Agora, adornado novamente pela guitarra épica de Page, ele prossegue: "E o vento chora de um amor que não se esfriará. Meu amor, ela está deitada no lado escuro do globo". Mais uma vez o refrão arrepiante surge na combinação entre os versos de Plant e a guitarra incrível de Page. Nesse oceano imenso e profundo de uma instrumentação perfeita, nosso herói continua contando seus segredos sobre o que viu e o que sentiu no mundo. Num trecho curioso ele conta: "Nosso tempo está se esvaindo, veja a vela derretendo. É um novo mundo aparecendo da destruição que restou do anterior. Se pudéssemos apenas dar aos mãos..." Um solo mágico de Jimmy Page nos faz refletir e viajar ainda mais por esse mundo, só para ver o quão grande e perfeito ele é. Seu arquiteto certamente fez uma obra-prima, milhões de anos atrás. Mesmo assim deixamos toda beleza de lado iludidos por outros valores passageiros como fama, dinheiro e poder. Seja este Pirata do título um andarilho maluco ou um guia espiritual enviado de outra dimensão, sua mensagem é importante, frisada nos versos do refrão: "Se pudéssemos ao menos dar as mãos". Em vez de guerrear, discutir e impôr; quão bom seria apenas dar as mãos. Amar. Dia 21/12 passou. O mundo não acabou mais uma vez. Não deixe um mundo novo surgir das cinzas do nosso, como profetizado pelo narrador. Se nosso planeta sofreu alguma transformação espiritual, que seja pra melhor. Entre nesse navio do Led Zeppelin e aplique a lição do Pirata: dê as mãos as pessoas a sua volta. Não apenas aqueles que você gosta. Dê às mãos a quem você não conhece também. Construa um mundo novo feito de amizade, flores e amor ;)

E tenha um Feliz Natal!

Nunca ouviu?

Comece a dar as mãos agora. Escute:

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