[NA ESTRADA] Jackie Tequila, coca-cola e água (e Guarujá)

Depois que o grande Caio inaugurou a seção nacional aqui chegou a hora de eu tentar me arriscar com alguma música também. Mas na verdade eu não sou grande admirador de música brasileira - salvo algumas exceções - e muito menos de rock brasileiro - salvo raríssimas exceções. Mas tem uma banda que eu respeito, mesmo não sendo grande fã, pois ela acompanhou meus ouvidos ao longo de muitos anos, principalmente naqueles chamados de "anos incríveis", quando somos jovens inocentes aproveitando pouco do nosso mais-que-suficiente tempo livre com coisas desnecessárias, mas que incrívelmente fazem tanta falta hoje... A banda é o Skank, e esse talvez seja o post mais pessoal que já escrevi. Segue a letra:




Jackie Tequila
(Rosa/Amaral)

Funk lá no morro da Mangueira.
Essa menina tá dizendo sim, eu sei
Noite bamba, tudo à beça
Baião na rampa do Cruzeiro

Essa menina tá dizendo "don't worry
Cause everything is gonna be alright"
Everything, every tune will be played by night

Seu nome é Jackie, Jackie Tequila
Oh, Jacqueline Misty iê iô Tequila

Reggae lá na rádio do Café
Rapaziada que estiver afim vai lá
Eu vou ficar com Jackie
Se é que Jackie vai prá lá
E se não for, já foi
O bonde do desejo segue rumo
Caixa, bumbo e sexo
Saudade na rampa do mundo

Seu nome é Jackie, Jackie Tequila
Oh, Jacqueline Misty iê iô Tequila

Jackie foi nascer numa cabana em Noa Noa
Sol do Taiti na pele, nowboah
Seu pai cruzou o mar, duas filhas na canoa
Côco pra beber e leite de leoa

Jackie é uma menina tão bonita que enjoa
Enjôo de vertigem, viagem de avião
Hálito de virgem, dois olhos de amêndoa
Vaca, cadela, macaca e gazela

Linda toda, toda linda ela
Toda beleza se reconhece nela
Jackie Tequila, coca-cola e água
Égua, língua, mingua minha mágoa.

Seu nome é Jackie, Jackie Tequila
Oh, Jacqueline Misty iê iô Tequila

Vamos à andança...

No filme "À Espera de Um Milagre" (que eu não vou nem comentar senão eu posso desrespeitar uma das leis dos homens e chorar) baseado num conto de Stephen King, um dos condenados, logo antes de ir para a cadeira elétrica comenta alguma coisa do tipo: "Dizem que quando morremos, nós somos levados de volta à melhor época de nossas vidas. Eu lembro quando eu e minha esposa ficávamos sentados em volta da fogueira, conversando e olhando as estrelas... Se isso for verdade, é para lá que eu serei levado depois de sentar naquela cadeira".

Se isso for verdade eu acho que serei levado pro Guarujá. Não sei ao certo em que época, quando criança ou quando adulto já, mas o lugar certamente é lá... Aquela cidade praiana tem tantas partes da minha mente em sua posse que chega a ser impossível falar da minha vida sem falar do Guarujá. E como aqui falamos de música, a que mais me lembra essa cidade tão adorada é a do Skank. Flashes na minha boa memória que incluem cenas de saltos mortais na água, caminhadas na areia, churrascos alegres, feiras hippies, fliperamas que mediam a força do soco, sorvetes por quilo, revistas de "como desenhar mangá", bate-voltas ou feriados prolongados, frio e chuva na praia mas sem estragar o passeio e milhares de outras coisas vêm sempre ao som de Skank. Principalmente aquele CD deles "Ao Vivo em Ouro Preto" de 2001, que misteriosamente, no Guarujá, tocava em cada ponto da cidade naquele ano. Jackie Tequila é uma das canções presentes, mas minha mãe já tinha me contaminado com ela no CD deles chamado "Calango", de 1994. Mas nesse ano aí eu ainda não tinha lá muitas experiências à serem guardadas na cabeça... Em 2001 a coisa era diferente. Além de eu já entender que o nome completo da garota era "Jacqueline Misty Tequila" eu sabia também que ela curtia um reggae na rádio do café e que ela dizia "don't worry, cause everything's gonna be alright" ao melhor estilo Marley de ser. Ela era mágica. Minguava minha mágoa, e sempre minguou. Enquanto ela tomava "sol do taiti na pele" eu me contentava com o sol do guarujá na cabeça, me deixando tonto. Tonto e muito feliz. Jackie é uma menina tão bonita que enjoa. Tão bonita como as mais bonitas que eu já vi, mas nunca enjoei dela. Até hoje posso ouvir a batidinha do reggae e as estrofes aceleradas que descrevem a garota da Tequila sem sentir o menor enjôo. Na verdade ela só me traz essas boas lembranças que eu descrevi. E como um bobo eu acredito que um dia eu voltarei ao Guarujá e todos os quiosques ou grupinhos animados de pessoas estarão tocando Skank e seu CD "Ao Vivo em Ouro Preto". Todos estarão felizes, bebendo cerveja, coca-cola e água, e Jackie Tequila me lembrará de que eu não tenho mais com o que me preocupar. Cause everything's gonna be alright ;)




(Guarujá, foto de Março de 2009)

Obs: Conheço algumas pessoas que já me disseram que a faixa seguinte do CD de 2001, "Acima do Sol", faz elas se lembrarem do Guarujá também... Muito bom saber que não sou o único ;)

Nunca ouviu?

Espero que ela possa significar tanto pra você quanto pra mim. Escute:

Comentários

Elmer Todd disse…
AMO SKANK!!!
Caio disse…
Quando vc me contou que tinha atualizado, adivinha que música estava tocando?

Sim, essa mesma... que coisa, não? Desde a nossa viagem para Santos no carnaval, que essa música não tem saído do meu repertório, muito pelos mesmos motivos que os seus, ela transporta para uma época diferente, para os "anos incríveis"...


Você tem o dom, rapaz...